Seguidores

domingo, 13 de março de 2011

Traumas na Infância e aprendizagem - Gastão Ribeiro

Traumas na Infância e aprendizagem

A quantidade de crianças no Brasil expostas a eventos traumáticos é imensurável. Essas experiências incluem crianças que sofrem com violência doméstica, violência escolar, que sofreram abuso sexual ou físico, que testemunharam ou sofreram crimes violentos ou que foram expostas a outras violências súbitas ou inesperadas. Pelo menos metade de todas as crianças expostas a experiências traumáticas pode desenvolver uma variedade de sintomas psíquico-emocionais na adolescência e já adultos. Dependendo da gravidade, frequência, natureza e padrão do evento ou eventos traumáticos, essas crianças sofrem o risco de desenvolver profundos problemas emocionais, comportamentais, fisiológicos, cognitivos e sociais.

Quando um adulto sofre um evento traumático, o seu cérebro, maduro e desenvolvido, é capaz de criar um processo de pensamento traumático temporário para lhe ajudar a lidar com o trauma. Quando o trauma é curado, o adulto pode dissolver essa característica e retomar a um estado integrado dentro do seu cérebro maduro. Isso não acontece com crianças. Se a criança sofre um trauma enquanto o cérebro está no seu estágio de desenvolvimento, a característica traumática temporária necessária para sobreviver ao trauma será construída no cérebro como uma característica permanente. Portanto, se a criança cresce em um ambiente traumático, quanto mais ela é forçada a usar seus padrões de pensamento de trauma, mais esses padrões se tomarão embutidos nos seus processos naturais de pensamento. Crianças traumatizadas começarão a processar todos os eventos graves, com os quais não estão familiarizados como se fossem potencialmente traumas perigosos. As suas reações a eventos normais serão naturalmente excessivas, causando hiperexcitação ou sintomas e comportamentos dissociativos.

Pais, juntamente com professores de escola, administradores e outras pessoas importantes na vida da criança, geralmente, lidam sozinhos não somente com os comportamentos de mal-adaptação de crianças traumatizadas, mas também desenvolvem trauma vicariante por estar expostos diariamente aos sintomas da criança com TEPT.

Dadas as estatísticas dos traumas infantis, pais, educadores e pessoal de escolas deveriam ser educados quanto aos sintomas e efeitos de trauma, assim como métodos para lidar com o TEPT.

Além disto, a Dissociação pode provocar uma série de problemas nas funções de processamento cognitivo e mental. A Dissociação provoca uma disfunção na atenção concentrada, as pessoas perdem a habilidade em acessar novas informações, negligenciam e ignoram detalhes importantes das informações. Os sintomas parecem com o TDAH, pois afetam a memória de curto prazo e atenção. Adultos vítimas de trauma têm sido recentemente diagnosticados como tendo DDA adulto (Distúrbio de Déficit de Atenção), mas gerados por efeitos da Dissociação.

Fonte-
Gastão Ribeiro Apostila de Psicoterapia do Trauma - Módulo 2 – TFT e EFT – 2006.
Scaer, R. (2001). The Body Bears the Burden: Trauma, Dissociation and Disease, Binghampton: - The Haworth Press, 2001.
Berceli, D. Exercicio para libertação do trauma. Libertas, Recife2010.

Um comentário:

  1. Boa noite! meu nome Soraia, faço o curso de Pedagogia na Unibh e estou fazendo um trabalho sobre abuso sexual na infância e adolescência e os traumas.Lendo os seus comentários,gostaria de saber se e possível fazer uma entrevista com o senhor.

    ResponderExcluir